quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

ISO 14001: importância e vantagens

Obter a certificação ISO 14001, hoje, é suficiente para a maior parte das empresas demonstrar o comprometimento com práticas sustentáveis e até mesmo fazer exportações (pois o selo é exigido em alguns casos).
Trata-se de uma norma com diretrizes básicas para o desenvolvimento de um sistema de gestão ambiental.A norma faz parte da ABNT NBR ISO 14000, nome dado a uma família de regras, entre as quais se encontra a ISO 14001. Essa família especifica os requisitos de um Sistema de Gestão Ambiental e permite a uma organização ou empresa desenvolver e praticar políticas e metas ambientalmente sustentáveis.
Ela também leva em conta aspectos ambientais influenciados pela organização e outros passíveis de serem controlados por ela. A implementação da ISO 14001 deve ser buscada por empresas que desejam estabelecer ou aprimorar seus sistemas de gestão ambiental, estar seguras sobre políticas ambientais praticadas ou demonstrar estar de acordo com práticas sustentáveis a clientes e a organizações externas.
A aplicação da norma depende de fatores como a política ambiental da organização, da natureza das atividades por ela desenvolvidas, dos seus produtos e serviços, dos locais e das condições nas quais o sistema funciona. Os princípios de gestão da norma ISO 14000 são comuns aos princípios da ISO 9000, referente à gestão da qualidade.
No Brasil, já foram registradas mais de 6 mil certificações em ISO 14001. Isso significa que, apesar de ser, no começo, uma preocupação apenas de multinacionais e grandes corporações, hoje são as micro, pequenas e médias empresas que buscam obtê-la.
Vantagens da ISO 14001
A implementação da ISO 14001 no país contribui para fortalecer o conceito de sustentabilidade. As empresas passaram a realizar iniciativas que contemplam tanto a qualidade ambiental quanto a responsabilidade social corporativa, além da segurança e da saúde ocupacional. Práticas socioambientais corretas foram assim disseminadas no setor corporativo.
A norma ISO 14001 colabora para a produção de bens e serviços que geram empregos, pesquisas e tecnologias. Além disso, promove o respeito ao planeta e às futuras gerações. Com essa certificação, as empresas aumentam a visibilidade no mercado nacional e internacional e consolidam a credibilidade junto a clientes, fornecedores e colaboradores.
Atualmente, implementar a ISO 14001 é marca inegável do comportamento ético empresarial frente à sociedade e ao meio-ambiente. Significa que o consumo sustentável é priorizado e incentivado pela empresa.
Isso é corroborado pela cadeia produtiva internacional, que cada vez mais passa a exigir certificações como esta para que os fornecedores possam participar de concorrências ou exportar.
Obter financiamentos a juros mais convidativos é outra característica atrativa para quem tem um Sistema de Gestão Ambiental. Caso a empresa tenha um bom histórico de respeito ao meio ambiente, as chances de conseguir empréstimos a custos mais baixos aumentam significativamente (considerando-se bancos públicos).
Ademais, a preocupação com o desenvolvimento sustentável é mundial. Em termos práticos, isso significa que o certificado ISO 14001 é exigido por diversos países para que bens possam ser importados.
Não ter o certificado pode diminuir (ou mesmo eliminar) as chances de exportação de uma empresa brasileira.
A importância da ISO 14001
A importância de contribuir com o desenvolvimento sustentável é hoje vital nas grandes empresas e mesmo as micro e pequenas estão cada vez mais preocupadas com o assunto.Em primeiro lugar, porque a maior parte das pesquisas científicas demonstra a influência de ações humanas sobre mudanças globais no meio ambiente.
Em segundo lugar, mas não menos importante, porque as empresas têm diversos ganhos econômicos com a promoção do desenvolvimento sustentável. Em uma época na qual o governo brasileiro está cada dia mais preocupado com o meio ambiente, desenvolver um Sistema de Gestão Ambiental resulta em escapar de multas impostas por órgãos voltados à proteção da natureza, como o Ibama, a empresas que violam o Direito Ambiental.
Por fim, a sociedade civil tem priorizado empresas preocupadas com a questão ambiental. Empresas que incorrem em violações sistemáticas ao meio ambiente têm a imagem prejudicada junto ao público, o que pode resultar em arranhos na imagem e consequente diminuição de vendas.
No Brasil, é possível obter a ISO 14001 a custos baixos, com consultorias virtuais como a ISO Online. Nestes casos, o empresário pode gastar até 70% menos do que em uma implementação tradicional. E o mais importante é que a qualidade do serviço é garantida.

FONTE: http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/iso-14001-importancia-e-vantagens/60583/, em 20/12/11

domingo, 18 de dezembro de 2011

Divulgado estudo revelou que o preço ainda decide compra


A questão ambiental passou a ser um fator importante na hora da compra nas classes C e D. Entretanto, essa preocupação vai até onde não pesa no bolso. É o que revelou o estudo realizado neste mês pela Quorum Brasil, empresa especializada em pesquisas de mercado. A sondagem ouviu 400 pessoas, moradoras na cidade de São Paulo, com renda familiar entre R$ 1,1 mil e R$ 1,6 mil.

“Comprar um produto mais ambientalmente correto, estará associada diretamente ao custo dele, O preço ainda é fator de decisão para essas classes e a fidelidade às marcas é muito mais baixa do que nas classes A e B”, destaca Claudio Silveira, sócio da instituição criada em 2001. Para 67% dos entrevistados, as empresas são as grandes responsáveis pela poluição e 21% acredita que deve ser creditada à população essa conta.

O estudo mostrou também que apenas 28% dos entrevistados observam se a embalagem é reciclável. Vale citar ainda que 81% diz não se preocupar com a poluição do automóvel. Mais de 95% dos participantes acha importante separar o lixo entre recicláveis e não recicláveis, mas apenas 31% afirma fazer isso.

Na avaliação de Silveira, essa distância entre teoria e prática pode ser explicada, em parte, pela falta de lugar adequado para o descarte do lixo. “Não existe coleta seletiva, ou seja, existe uma série de impedimentos à prática da boa intenção. Podemos pensar nisso também nas classes A e B, que são as maiores compradoras de produtos eletrônicos piratas, embora tenham índices elevadíssimos de reprovação a esse tipo de atitude”, diz.

Pesquisa internacional também divulgada neste mês revelou que a sustentabilidade é cada vez mais um aspecto essencial na hora da compra. O estudo Retail Trend 2012, conduzido pelo The Future Laboratory, o mais completo dossiê de tendências do varejo do BRIC (Brasil, Índia, Rússia e China) mostrou que as decisões de compra são arraigadas em princípios éticos, ambientais e da comunidade.

Entretanto, Claudio Silveira lembra que a mudança de comportamento entre os consumidores precisa estar associada a condições para que ele pratique aquilo que entende como um bom comportamento. “Os governos devem prover as boas condições para as pessoas praticarem de forma mais intensa a boa intenção”.

Também segundo ele, a qualidade dos produtos será sempre um fator primordial, ou seja, o consumidor, de qualquer classe, irá seguir o conceito básico de que as empresas tem que dar o primeiro passo na viabilização de uma compra. “A qualidade está associada a uma boa marca e se essas marcas estamparem que são ambientalmente corretas e forem competitivas em termos de preço, sem dúvida terão preferência na compra”, completa.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A Peugeot e a Bosch lançam motor com consumo reduzido.

Modelo a estrear o sistema, que promete economia de 7%, será o Peugeot 308, que será lançado no início de 2012 substituindo o atual 307.

O novo motor EC5, lançado hoje (13/12) pelos grupos PSA Peugeot Citröen e Robert Bosch, demandou investimento da ordem de R$ 100 milhões em sua pesquisa e elaboração, segundo informou o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da montadora para a América Latina, François Sigot. O motor foi lançado hoje na fábrica de motores da Peugeot em Porto Real, no sul fluminense. Segundo o executivo, o EC5 demandou três anos em sua elaboração.

O novo motor utiliza a tecnologia Flex Start, que dispensa o uso do chamado "tanquinho", reservatório de combustível para partida a frio em carros que usam etanol. A tecnologia já havia sido lançada pela Volkswagen, também em parceria com a Bosch, em 2009, quando lançou o novo modelo Polo. Mas a Volks teria lançado o motor com esta tecnologia em edição limitada, de acordo com a Peugeot. "Nosso motor será o primeiro com esta tecnologia a ser produzido em grande escala", salientou Sigot.

O motor apresentado hoje ao mercado será usado no Peugeot 308, a ser lançado em 2012 em substituição ao modelo 307. Ainda segundo Sigot, está em estudo a alocação do motor em outros modelos Peugeot. "Mas ainda não há nada de concreto", frisou. A intenção da Peugeot é aumentar a produção da fábrica de motores dos atuais 280 mil motores ao ano para 400 mil unidades ao ano até 2015.

Fonte: http://epocanegocios.globo.com/Revista/Common/0,,EMI284381-16381,00-A+PEUGEOT+E+A+BOSCH+LANCAM+MOTOR+COM+CONSUMO+REDUZIDO.html

domingo, 11 de dezembro de 2011

O mercado da sustentabilidade

*Texto publicado no blog Atitude Sustentável em 25/10/2011

Um dia desses, recebi o link do artigo “Sustentabilidade tem valor no mercado”, publicado no blog do Ethos. Trata-se de um texto sobre o relatório de pesquisa da McKinsey, empresa de consultoria de gestão, sobre como o tema é percebido dentro do universo empresarial.

Aconselho a leitura detalhada deste artigo a todos aqueles que se interessam pelo tema sustentabilidade no mercado. Mas o resumo do seu conteúdo, em linhas gerais, é o seguinte:

• O assunto continua ganhando visibilidade e importância estratégica;
• O tema já não é tanto uma questão de marca e reputação;
• A abordagem da sustentabilidade é, sobretudo, ambiental.

Conclusão da leitura: “As empresas brasileiras passaram a enxergar a sustentabilidade como uma alavanca para a geração de valor”.

Confesso que fiquei feliz ao ler essa avaliação. Normalmente, sou bem cético perante a essas visões otimistas do mundo empresarial. Ainda acho que a lei do lucro – item importante, mas não único para a sustentabilidade – prevalece. Concordo que o tema veio para ficar, mas ainda tenho algumas dúvidas quanto aos reais motivos do mundo empresarial.

Fico feliz por saber que, pelo menos a importância cosmética do assunto, deixou de ser priorizada pelas empresas. Mas, ao mesmo tempo, como tratei no texto “Sustentabilidade, relatório e os riscos de greenwashing”, os riscos de abordagem errônea são imensos. Aliás, sempre que leio as palavras “sustentabilidade” e “mercado” na mesma frase, me dá um frio na barriga por causa da possível leitura.

Estamos num momento-chave dessa transformação. Se o tema passa a ser considerado estratégico, com uma visão de ganhos a médio e longo prazos – o que é muito importante –, e sem a necessidade de uma imposição “de cima para baixo”, o jogo pode, efetivamente, “mudar de cara”.

Até hoje, só as empresas cujos dirigentes compartilhavam desta visão puderam programar estratégias vencedoras. A resistência é enorme na camada do meio da gestão operacional, pois, normalmente, ela vem associada a mudança de cultura, alterações de processos e rotinas, transformação da sacrossanta cultura empresarial. É isso o que mais custa: o medo da mudança. O surreal é que esse medo está presente mesmo quando o tema é unanimemente aceito.

Difícil entender, não é? Todos concordam que é importante criar mecanismos que coíbam a corrupção, que ouçam e protejam o consumidor, que desenvolvam as potencialidades do público interno etc, etc. Mas quando tentamos passar da teoria à prática para sermos coerentes, parece que o mundo passa a andar a passos de caranguejo.

Como digo sempre: nunca ninguém disse que seria fácil. Pra já, é bom ver a evolução do tema, mesmo que ande a passos de tartaruga.

Por mais que o assunto seja cobrado dos governos pela ONU, acredito que o grande fator de mudança ainda reside na mão das empresas. Toda visão capitalista (aquela em que o lucro é buscado a qualquer preço) ainda serve de âncora para o modelo de sustentabilidade das empresas.

Só com a mudança dessa visão é que os novos paradigmas da economia inclusiva poderão, progressivamente, ocupar espaço nas mentes dos empresários de amanhã. Trata-se de uma física básica: para um novo corpo ocupar mais espaço, o antigo corpo terá de ceder algum espaço.


*David Borges, Gerente de RSE do Grupo FENAE

Sustentabilidade, relatórios e os riscos de greenwashing

*Texto publicado no blog Atitude Sustentável em 13/09/2010

Desde que comecei neste caminho da responsabilidade social empresarial (RSE) e sustentabilidade, tenho tido frequentemente uma dúvida. Basta olhar ao nosso redor para vermos que “sustentabilidade” é a palavra do dia, não é? Ela é usada a torto e a direito em publicidade de empresas as mais diversas, de bancos a tabaqueiras – acreditem, tabaco agora também é sustentável!

Se acreditássemos em tudo o que se diz por aí, não teríamos muito com que nos preocupar, não é? Pois eu preocupo-me com esse fenômeno de moda.

Até que ponto as intenções são genuínas? Até que pontos as empresas querem realmente tentar mudar progressivamente a forma como são geridas? E, sobretudo, quais são os resultados que devem ser considerados para serem uma “grande empresa” ou uma “empresa sustentável”? Como fugir do greenwashing (em outras palavras, “tapar o sol com a peneira” ou “operação de cosmética”)?

Em vários encontros dentro da rede de profissionais que trabalham com este tema, direta ou indiretamente, damo-nos conta do quanto as empresas têm progressivamente transformado os seus relatórios anuais em relatórios de sustentabilidade, integrando outros conceitos que não só os financeiros e mercadológicos. Ao mesmo tempo em que isso acontece, aparecem agências de publicidade ou consultoria unicamente especializadas em assessorar as companhias a entregar um bom relatório de sustentabilidade anual.

Ou seja, esses relatórios – sejam eles da GRI (Global Reporting Initiative), do Ibase ou baseados nos Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial – tendem a se transformar em produto final, ao invés de serem meras ferramentas da mudança. E, como produto final, eles criaram o seu próprio mercado entre:

• clientes: as grandes empresas que não querem “perder o bonde”;

• fornecedores: especialmente as agências de publicidade que vão se especializando;

• consultorias: que, hipoteticamente, ajudam as empresas a mudar sua cultura;

• empresas de auditoria: que, assim, ganham mais um segmento de mercado.

Mas atenção! Não sou pessimista a ponto de achar que os relatórios são inúteis. Longe disso. Sei que muitas empresas estão, de fato, a rever completamente a sua cadeia produtiva, para poderem melhor avaliar os impactos, positivos e negativos, sobre todas as partes interessadas, e não unicamente clientes e consumidores.

Também sei, por experiência, que o simples fato de tentar fazer um relatório de sustentabilidade minimamente apresentável, ou de preencher os Indicadores Ethos de RSE, já provoca uma discussão interessante e difícil dentro das empresas. E esse debate é o primeiro passo para o questionamento, o que, por sua vez, provoca a mudança.

Neste artigo, apenas queria mostrar como me assusto com essa direção tomada e questionar a efetividade do modelo. Mas também não encontrei nenhuma outra opção até agora. Só espero que a vinda da ISO26000 (ISO de RSE) não venha complicar mais as regras do jogo.

*David Borges, Gerente de RSE do Grupo FENAE

O mundo sob nova direção?

*Texto publicado no blog Atitude Sustentável, no site www.mundocaixa.com.br, em 13/05/2010.

Pois é, pessoal. Estou escrevendo diretamente do penúltimo dia da Conferência Internacional Empresas e Responsabilidade Social do Instituto Ethos, cujo tema este ano é “O mundo sob nova direção”.

E o que retiro de importante até agora? Infelizmente, muito pouca coisa.

A sensação de deja vu é grande. Fiquei com a impressão de encontrar com as mesmas pessoas, ouvir as mesmas discussões, ver as mesmas inovações na mostra de tecnologias sustentáveis etc, etc.

Participei de uma discussão sobre as empresas e os relatórios não financeiros durante a qual não se disse nada de novo. Pior do que isso, senti que os relatórios estão a tornar-se “produto final” ao invés de serem um instrumento de mudanças estruturais. E isso mais uma vez me assusta.

O que mais senti falta, e na verdade sempre sinto falta nestes encontros, é de coisas práticas, implementáveis, com efeito a curto, médio ou mesmo longo prazo, no nosso universo empresarial. Porque é disso que se trata, não é?

Todo o propósito da responsabilidade social empresarial (RSE) foca mudanças estruturais duradouras que mudem, positiva e inclusivamente, a forma como as empresas se relacionam com o mundo onde agem, alargando o seu escopo de “agregar valor para os acionistas” para “agregar valor para todas as partes interessadas”, não é?

Pelo menos é essa a minha leitura. E disso encontrei pouco na conferência. Aliás, dei-me conta de que é uma frustração partilhada pelos colegas do Mundo CAIXA (pessoas da CAIXA, CAIXA Seguros, FUNCEF...) que encontrei aqui.

Longe de mim a intenção de questionar a legitimidade ou validade da carta da terra. É um documento inspirador e servirá como guia, espero, por várias décadas. Mas sinto que, por uma questão de praticidade, precisamos focar o trabalho local.

Think global and act local, dizem. E para mim faz sentido, pois sabemos que as mudanças pequenas, locais, quando solidamente estruturais, têm um efeito em todo o resto.

Se sou coerente com as minhas crenças (quaisquer que sejam) em casa, influencio o meu círculo de relacionamentos. O meu filho vai levar isso para a escola, influenciar os seus amigos, falar com os professores etc. A mesma coisa acontece no universo corporativo.

Não queremos que as empresas em que trabalhamos gastem mais dinheiro em filantropia ou similares. Embora ache que é seu dever partilhar com a sociedade (e não devolver) os seus ganhos, pensando na sua própria sustentabilidade futura. Prefiro trabalhar o nosso público interno, consistentemente e com coerência.

Pela minha experiência com gerenciamento de projetos, tento sempre dividir um grande problema muito difícil de solucionar em vários pequenos problemas mais fáceis de resolver. É o que entendo como visão sistêmica das coisas. Como a teoria dos dominós. Quando um cai, a tendência é os outros seguirem.

Mas, calma, não se deixem dominar pela minha visão pessimista. Tenho sempre muita esperança e confiança no ser humano e no futuro. O meu tio dizia que “um pessimista é um otimista prevenido”. Ou seja, sou muito otimista. ;)

Comentei ontem no almoço que normalmente saímos desses encontros com dois sentimentos:

• deprimidos com o caminho que está pela frente e o tamanho das montanhas que ainda temos que escalar;

• contentes ao ver que a quantidade de pessoas que partilham da caminhada tem aumentado. Devagar, mas com consistência.

É isso. Juntem-se ao trem da mudança!

*David Borges, Gerente de RSE do Grupo FENAE

O DESAFIO ENERGÉTICO e o LIVRO VERDE sobre ENERGIA

A União Européia não tem auto-suficiência na produção de energia, o que a torna uma grande importadora de gás natural e petróleo, fontes de energia altamente poluidoras. Hoje a UE importa cerca de 50% da energia que consome, e estima-se que essa parcela cresça para 70% em torno de 25 anos. Outro quesito alarmante é que cerca de 80% do gás natural é importado da Rússia, país que deixou a impressão de não ser plenamente confiável, pois em alguns episódios já interrompeu seu abastecimento de gás e petróleo. Além disso, o transporte do material energético por navios-tanque através do Mar Báltico provoca grande impacto ambiental, visto que esta via marítima encontra-se saturada, e, em função disso, já ocorreram diversos acidentes ambientais.

Em função de reduzir a dependência energética e atenuar, de um modo geral, os danos à natureza, sem prejudicar a movimentação da economia, criou-se o Livro Verde sobre Energia da União Européia, que deve auxiliar os países a adotar uma política energética competitiva, segura e sustentável. Dentre as regulamentações do Livro, do ponto de vista ambiental, os capítulos que mais chamam atenção são os que propõem a consagração de um mercado energético europeu competitivo em que a eficiência energética seria um fator determinante para a sobrevivência de uma empresa em meio à concorrência; e a UE na vanguarda da proteção ambiental, assegurando a existência de energias limpas e sustentáveis, apostando na eficiência energética para reduzir as alterações climáticas e limitar a dependência comunitária da energia importada.
As proposições, por enquanto, não tem caráter obrigatório, mas podem servir como um guia para auxiliar os países a estruturar, adotar e aplicar uma política energética sustentável, do ponto de vista econômico e ambiental.
Em princípio, o que motivou a idealização do Livro Verde da UE foram questões de caráter econômico, e, apesar das repercussões positivas no que se refere ao meio ambiente serem inquestionáveis, o ganho ambiental é colateral, secundário. A exemplo do que ocorre em muitas empresas, adotam-se medidas que repercutem positivamente na comunidade e no ambiente, mas que também as beneficiam de várias formas, inclusive financeiramente.

Fica o questionamento sobre até que ponto essas ações são legítimas do pondo de vista da responsabilidade social: apesar do caráter fundamentalmente econômico, as regulamentações do Livro podem inspirar aplicação de leis ambientais para as empresas, com o potencial de conscientizar a sociedade, propagando e perpetuando uma cultura, no caso, de economia energética; mesmo que as medidas venham a surgir primeiramente como obrigação ou imposição, serão válidas no sentido da responsabilidade social se puderem gerar mudança de hábitos?!
Fontes: